Psicologia do Esporte no Brasil: uma história a ser contada...
Cristianne A. Carvalho
(Doutoranda em Psicologia Social e membro da ABRAPESP)
Professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
O presente trabalho é um projeto de tese de doutorado. Pretende conhecer com mais profundidade o cenário de surgimento da Psicologia do Esporte (PE) no Brasil. Delineia-se entre as décadas de 30 a 50 por perceber que a história desse surgimento pode ser mais bem entendida.
A PE é mais uma versão da atuação do psicólogo em novo campo, o da prática esportiva. A compreensão do fenômeno psicológico possibilita compreender a subjetividade no universo das modalidades do esporte. A PE mergulha no mundo do esporte para tentar atender nova demanda social.
Considerada por Achcar (2007) uma prática emergente, a PE atualmente conta com o reconhecimento e regulamentação do Conselho Federal de Psicologia (CFP) alcançado no ano 2000, configurando-se entre as onze especialidades da prática psi. Hoje, aparece como disciplina nas estruturas curriculares de alguns cursos de Psicologia no Brasil, com profissionais atuantes em diversos Estados.
Mundialmente essa área dá indícios de surgimento no fim do século XIX, mas no Brasil os primeiros registros de trabalhos surgem no final da década de 50, antes da Psicologia ser regulamentada como profissão, o que se torna um aspecto significativo de sua construção. No fim dos anos 70 ocorre uma ampliação desse campo com profissionais atuando em outras modalidades além do futebol. Atualmente também em projetos sociais. No entanto, a produção de conhecimentos científicos só ganha força nos anos 2000 e o único periódico foi lançado pela ABRAPESP em 2007.
Tais lacunas compreendem aspectos diversos suscitando a necessidade de questionar sobre o surgimento dessa especialidade. Quais eventos fomentaram o surgimento dessa prática?
A Psicologia do Esporte (PE), como especialidade do saber psicológico, ilustra uma versão da modernidade como uma prática do individualismo no esporte, quando se estabelece mediante um confronto entre as demandas externas impostas ao indivíduo (controle do corpo, resultados de rendimento, superação de limites, etc.) e as suas necessidade e limitações internas ou subjetivas. A PE no Brasil surge em uma realidade liderada pelos saberes da Educação Física e da Medicina Esportiva, voltados para estratégias de controle do corpo e acompanhou esse movimento instrumentalizando-se de testes e técnicas capazes de diagnosticar e intervir. Para fundamentar esse estudo autores como M. Foulcaut, Thomas Skidmore, Ana Maria Jacó-Vilela, K. Rúbio e outros são fundamentais. A metodologia se baseia num registro narrativo, relacionando-se os dados documentais e/ou os conteúdos das entrevistas, fundamentados pelo acervo bibliográfico encontrado. Espera-se com essa pesquisa narrar a história da PE no Brasil, considerando-se que a mesma continua em construção e que esse será apenas um olhar, um prisma desse universo dinâmico e contínuo que envolve eventos históricos e a subjetividade humana.
[1] Achcar, R. Psicólogo Brasileiro: desafios para a formação. CFP, Brasília, 2005.
[2] A Resolução nº02/01 do CFP confere o título de Especialista em Psicologia do Esporte em 2000. (Ver www.pol.org.br.)
PONENCIA PRESENTADA EN EL 1er ENCUENTRO ON LINE DE PSICOLOGÍA DEL DEPORTE (SIPD 2009).
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