A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO MENTAL NO APERFEIÇOAMENTO DA TÉCNICA ARREMESSO LIVRE DO BASQUETE
“A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO MENTAL NO APERFEIÇOAMENTO DA TÉCNICA ARREMESSO LIVRE DO BASQUETE”
Professor MS Ramón Núñez Cárdenas
Resumo:
O presente trabalho fui desenvolvido visando determinar “A influência do treinamento mental no aperfeiçoamento da técnica arremesso livre do Basquete”, usando o modelo de treinamento mental de oito passos desenvolvido por Eberspächer (1995). Durante o desenvolvimento desta investigação utilizamos um grupo de controle (12 atletas) e outro experimental (12 atletas), correspondente a categoria juvenil masculino de basquete do Clube Recreio da Juventude de Caxias do Sul. Para dar complemento ao objetivo geral de nosso trabalho, realizamos um experimento baseado na aplicação do modelo de treinamento mental, onde pelos resultados significativos obtidos no grupo experimental fui demonstrado a influência positiva deste modelo no aperfeiçoamento da técnica “arremesso livre”.
Introdução
Nos últimos anos, todos os cientistas que se ocupam do estudo do treinamento esportivo, prestam uma grande atenção ao fenômeno das imagens que se criam no cérebro do esportista, produto da prática de suas ações, as quais determinam a eficiência das mesmas. Por sua importância na preparação técnica dos esportistas, é que nos dedicamos a investigar “A influência do treinamento mental no aperfeiçoamento da técnica arremesso livre do Basquete”.
Todo treinador deve ter bem claro que o movimento técnico possui tanto sua parte externa (execução no plano físico) como sua contra partida interna (representação ou imagem no plano mental). O atleta pelo tanto efetua sua execução orientada, não pelo que o treinador explicou ou demonstrou, mas pelo que destas informações ficou em seu cérebro, permitindo criar um modelo mental com o qual compara sua realização do movimento técnico.
Com a intenção de buscar explicação para o tema: “A influência do treinamento mental no aperfeiçoamento da técnica arremesso livre do Basquete “, formulamos na investigação o problema que serve de condutor ao trabalho que pretendemos realizar: Que influência pode ter o treinamento mental no aperfeiçoamento da técnica” arremesso livre “do Basquete?.
Com a intenção de buscar explicação para o tema, encaminhamos o objetivo geral de nosso trabalho a: Investigar a influência do treinamento mental no aperfeiçoamento da técnica arremesso livre do Basquete.
Existem diferentes conceitos sobre treinamento mental. Os autores (Unestahl, 1989, Gould & Damarjian, 2000, Eberspächer, 1995, Orlick 1990, Nideffer, 1985, Suinm, 1993) entendem por treinamento mental (práctica mental) um conceito complexo de diferentes habilidades mentais como, por exemplo, estabelecimento das metas, aumento da autoconfiança, desenvolvimento da concentração, visualização e imaginação, controle da ativação e da ansiedade, rotinas mentais para a competição, etc.
Samulski (1997) entende por treinamento mental “A imaginação de forma planejada, repetida e consciente de habilidades motoras, técnicas esportivas e estratégias tácticas”.
Eberspächer (1995) entende por treinamento mental “A repetição planejada da imaginação consciente de uma ação de forma prática”.
Segundo Eberspächer (1995), existem três formas de fazer o treinamento mental:
1) Treinamento por autoverbalização.
Essa forma de treinamento consiste em repetir mentalmente a prática do movimento de forma consciente por meio da autoverbalização.
2) Treinamento por auto-observação.
Neste tipo de treinamento o atleta assume o papel de espectador de si mesmo, o seja, ele observa de uma perspectiva externa.
3) Treinamento ideomotor
O atleta deve auto transferir se no movimento para poder sentir, vivenciar a sensação dos processos internos que ocorrem na execução do movimento.
Segundo Weinberg & Gould (1999), “Um atleta pode reconstruir, através da imagem, experiências positivas do passado ou visualizar eventos futuros com o fim de se preparar mentalmente para a performance”.
Segundo Samulski (2002), O treinamento mental é orientado para dois objetivos no esporte: Para os movimentos e para as situações. Como movimentos se entendem a habilidade motora específica desenvolvida no esporte (técnicas), e como situações, as ações táticas e estratégicas esportivas inseridas dentro de um contexto específico. As imagens destes objetivos podem ser realizadas em três estratégias temporais: Antecipatória, integrativa e retroativa.
Na imagem antecipatória, procura-se imaginar uma ação a ser realizada, procurando controlar os fatores internos e externos, otimizando as condições técnicas, táticas e psicológicas para a realização da ação.
Na imagem integrativa, procura-se imaginar a ação durante a competição como uma forma de integrar os estímulos cognitivos, motores e psicológicos para a realização da ação.
Na imagem retroativa (visualização de uma ação feita), a função básica é analisar e avaliar as ações anteriores, de modo que possibilita um feedback positivo para a regulação das ações futuras.
Eberspächer (1995) mostrou os requisitos para o treinamento mental, eles são:
Estado de relaxamento
A própria experiência
A própria perspectiva
Vivência de forma profunda.
Metodologia
Em função de dar reposta aos objetivos de nosso trabalho, aplicaremos os seqüentes métodos de investigação:
Observação: Como método científico tem grande importância devido a que permite obter informação do comportamento de nosso objeto de investigação tal e como ele apresenta-se em a realidade, é dizer, é uma forma de obter informação direta e imediata sobre o fenômeno e objeto que está sendo investigado, além disso, foi o primeiro método científico utilizado, e durante muito tempo constitui a forma básica de obter informação científica.
Experimento: é um dos métodos básicos na investigação empírica, dada á importância que tem para a demonstração das relações causadoras.
Procedimentos Organizacionais do trabalho
Observação: Observam-se diferentes treinamentos para verificar a situação atual dos atletas juvenis de basquete, na realização da técnica arremesso livre.
Para observar a situação atual dos atletas juvenis de basquete, na realização da técnica do arremesso livre, foi feito um questionário de observação, onde apareceram os aspetos técnicos do arremesso livre, Segundo Pedro Luis da Paz (1987): O questionário é o seguinte:
Quadro Nº1-Detalhes técnicos das diferentes fases do arremesso livre (segundo Pedro Luis da Paz, 1997).
Nome do atleta |
F.I |
S |
F.P |
S |
F.F |
S |
ST |
NE | ||||||||
1 | 2 | 3 | 1 | 2 | 3 | 1 | 2 | 3 | 4 | |||||||
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F.I: Fase inicial
F.P: Fase Principal
F.F: Fase Final
S: Somatória
ST: Somatória Total
NE: Número de encestes
Neste questionário de observação marca-se com “0” o aspeto positivo e com “1” os erros técnicos cometidos pelos atletas. Também furam registrados os arremessos certos.
Para fazer a observação dos diferentes aspetos técnicos representados por três fases no quadro anterior, utilizamos uma câmara de vídeo para filmar desde diferentes ângulos a realização do movimento “arremesso livre”. Os atletas realizaram cinco repetições de arremesso à cesta para registrar o movimento técnico. Os arremessos encestados pelos atletas durante as cinco repetições furam obtidos, para ver quanto influência o movimento técnico pode ter na efetividade dos encestes.
A filmagem do movimento foi feita a todos os atletas (tanto para atletas do grupo experimental como para os atletas do grupo de controle), ao início do treinamento do dia, depois de um aquecimento com baixa intensidade, desta forma poderiam fazer o movimento “arremesso livre” o mais relaxado possível. A filmagem foi feita durante quatro semanas, e ao finalizar as mesmas, informamos para os atletas do grupo experimental, os erros que furam encontrados durante a realização do movimento.
Depois da filmagem de vídeo se fez uma comprovação da imagem que tem os atletas da técnica “arremesso livre”, através da autoverbalização. A autoverbalização fui aplicada durante quatro semanas (duas vezes por semana). Para a autoverbalização, os atletas desenvolveram de forma escrita, toda a seqüência do movimento “arremesso livre”. Desta forma comprovamos os erros negativos que apareceram na imagem do movimento.
Uma vez feita o processo de retificação de erros, os atletas do grupo experimental estão pronto para adquirir a técnica do treinamento mental, segundo Eberspächer (1995), em oito passos.
Experimento: Este experimento tem como objetivo verificar “A influência do treinamento mental no aperfeiçoamento da técnica “arremesso livre” do basquete. Na realização do mesmo fui feito a aplicação do modelo de treinamento mental dado por Eberspächer (1995), em oito passos. Para desenvolver o experimento se fez a escolha de um grupo de controle e um grupo experimental, com 12 atletas cada grupo. O grupo de controle realizo suas atividades normais nos treinamentos e o grupo experimental fez durante cinco meses ( quatro vezes semanais) o modelo de treinamento mental dado por Eberspächer ( 1995) em oito passos.
Procedimentos práticos do modelo de treinamento mental dado por Eberspächer (1995).
1º Passo
Escolha a técnica esportiva que deseja treinar mentalmente.
2º Passo
Escreva de forma detalhada e concreta o transcurso de todo o movimento e o que é necessário para a execução da técnica esportiva. Não deixe de incluir as sensações internas do movimento.
3º Passo
Nos três dias seguintes, durante meia hora por dia, leia e analise várias vezes o que escreveu e descreveu a respeito do movimento. Procure imaginar, no momento da leitura, que está realizando e executando o movimento. Se conseguir esse nível de perfeição, tente obter a primeira e detalhada “análise da perspectiva interna em câmara lenta”. Observe essa “perspectiva interna” durante vários dias, durante 15 minutos, de forma bem intensa.
4º Passo
Quando a perspectiva interna é reproduzida sem problemas, pode-se buscar os cinco ou seis pontos centrais, ou “chave”, do movimento que, de acordo com sua opinião, são determinantes para a correta execução do movimento.
Procure mudar, no pensamento, de um ponto-chave a outro, de tal forma que a imaginação da técnica ocupe um espaço de tempo semelhante ao que é necessário na pratica. Exercite a “perspectiva interna reduzida” até que se sinta seguro para dominá-la.
5º Passo
Descreva e classifique os pontos-chave do movimento com palavras curtas. Apoiando-se nesses pontos, procure adaptar-se ao ritmo do movimento. Exercite o uso dessa perspectiva (não mais de 15 minutos por vez), até que ela tenha uma duração interna semelhante á que é concretizada na execução motora da técnica.
6º Passo
Exercite mentalmente esse nível em outras duas ou três cessões. Se encontrar dificuldades na imaginação do movimento, retroceda ao 2º ou 3º passo, de acordo com a necessidade.
7º Passo
Combine (depois de chegar a um acordo com seu treinador) o treinamento mental com a execução prática (por exemplo, duas repetições mentais, dez execuções motoras), conforme a técnica ou combinação técnica proposta.
8º Passo
Treine conseqüentemente de forma mental as fases de pré e pós-preparação, nas pausas ou nas interrupções curtas de uma competição ou jogo.
Para a aplicação deste modelo os atletas devem ficar bem relaxados e ter uma boa concentração. Alem disso, deve-se garantir para passar de um passo a outro que os mesmos tenham as condições necessárias para fazê-lo. Desta forma pode-se ter um melhor êxito na aplicação do modelo.
Ao final de cada mês foram feitas filmagem para verificar a influência do modelo do treinamento mental no melhoramento do movimento técnico.
Ao finalizar os cinco meses de aplicação do modelo, voltamos a fazer a mesma filmagem que furam feitas ao inicio da pesquisa para o grupo de controle e o grupo experimental. Desta forma pode-se verificar a verdadeira influência do modelo no aperfeiçoamento técnico.
Características da amostragem
Para o desenvolvimento de nossa pesquisa utilizamos como amostragem, dois equipes juvenis masculinos de basquete com 12 atletas cada um, pertencente ao Clube Juventude de Caxias do Sul, os quais têm as seguintes características.
Grupo de controle: Todos eles tinham 18 anos de idades, com oito anos de experiência na prática deste esporte e com participação em 13 competições.
Grupo experimental: Este grupo apresenta as mesmas características que o grupo de cont6role.
Processamento Estatístico
Para fazer o processamento estatístico de nossa investigação, utilizamos o t-test da diferença de duas meias. Neste processamento estatístico procede-se a comparar os resultados obtidos pelo grupo de controle e experimental, antes e depois da aplicação do modelo de trenamento mental em oito passos.
Resultados da Observação
Ao fazer um analise de nossa observação, podem-se apreciar diferenças nos resultados da realização do movimento técnico “arremesso livre” entre o grupo de controle e experimental, anterior à aplicação do modelo de treinamento mental. Estas diferenças são as seguintes: Observam-se diferenças significativas, na somatória de erros da fase final do movimento técnico entre ambos os grupos.
Quadro N.º 2 Resultados de diferença significativa na somatória de erros da fase final entre o grupo experimental e controle anterior à aplicação do modelo.
| Levene´s Test for Equality of variances | t-test for Equality of Means | |||||
F | Sig | t | df | Sig (2-tailed) | Mean Difference | ||
Somatório da fase final anterior a modelo | Equal variances assumed
Equal variances not assumed | 8,871 | , 007.
| 2,171
2,171 | 22
18,586 | , 041.
0,43 | , 50.
, 50. |
Si sig (2 – tailed) < 0,05 – a diferença é significativa
Si sig (2- tailed) > 0,05 – a diferença não é significativa
Através desta observação que foi dirigida à filmagem do movimento técnico “arremesso livre”, para valorar a situação atual da amostragem usada, pode-se conhecer os diferentes erros que apresentaram os atletas, o qual abriu a possibilidade de que se corrigissem os mesmos, no caso do grupo experimental, para garantir posteriormente uma melhor aplicação do modelo de treinamento mental. Depois da aplicação do modelo, pode-se apreciar diferenças significativas entre o grupo de controle e o grupo experimental na somatória de erros da fase inicial, principal e final do movimento técnico. Este resultado pode-se ser observado no seguinte quadro:
Quadro N.º 3 Resultados da diferença significativa entre o grupo experimental e controle na somatória de erros da fase inicial, principal e final do movimento técnico “arremesso livre”, depois de aplicado o modelo de treinamento mental.
| Levene´s Test for Equality of variances | T-test for Equality of Means | |||||
F | Sig | T | df | Sig (2-tailed) | Mean Difference | ||
Somatório da fase inicial posterior a modelo | Equal variances assumed
Equal variances not assumed | 385,000 | ,000 | -3,924
-3,924 | 22
11,000 | , 001.
, 002. | - 5,8
-5,8 |
Somatório da fase principal posterior a modelo | Equal variances assumed
Equal variances not assumed | 13,526
| ,001
| -6,158
-6,158 | 22
13,865 | , 000.
, 000. | -1,50
-1,50 |
Somatório da fase final posterior a modelo | Equal variances assumed
Equal variances assumed | 5,189
| , 033 | -3,546
-3,546 | 22
21,560 | , 002
,002 | -,67
|
Si sig (2- tailed) < 0,05 – La diferencia es significativa y si sig(2-tailed) > 0,05 la diferencia no es significativa
Resultados do experimento
O experimento utilizado em nosso trabalho, foi realizado no grupo experimental, através da aplicação do modelo de treinamento mental. Durante a realização do mesmo fui garantido que o atleta passe para o próximo passo do modelo quando tiver condições necessárias para fazê-lo. No desenvolvimento do experimento observa-se que os atletas conscientizavam cada uma das tarefas que conformavam o modelo, chegando-se alcançar os melhores resultados na realização do movimento técnico e junto com ele uma melhor eficiência na quantidade de arremessos livres realizados.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos no presente trabalho, chegamos à conclusão que: A utilização do treinamento mental tem uma influência positiva no aperfeiçoamento técnico e na eficiência do arremesso livre do basquete. Ao finalizar o experimento aprecia-se que os atletas do grupo experimental chegaram a melhorar significativamente a técnica do movimento arremesso livres, obtendo uma melhor eficiência na realização do mesmo. O grupo de controle manteve os mesmos erros na realização do movimento técnico, tanto ao inicio como no final da investigação.
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