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Estudo do estresse e sua relação com a lesão esportiva de atletas de futebol

Estudo do estresse e sua relação com a lesão esportiva de atletas de futebol

 

Estudo do estresse e sua relação com a lesão esportiva de atletas de futebol no Municipio de Primavera de Rondônia - Brasil

Autor e Co. Autores: Ramón Núñez Cárdenas, Maria de Lourdes do  Nascimento

Instituição: Universidade Federal de Rondônia- Porto Velho- Brasil - Centro de Estudo de Esporte e Lazer (CEELA)

e-mail: rnunezcardenas@yahoo.com.br 

Resumo

O presente estudo teve como objetivo "Estudar o estresse e sua relação com a lesão Esportiva de atletas de Futebol no Município de Primavera de Rondônia-Brasil". Para o desenvolvimento deste objetivo foi aplicado um teste de Ansiedade - Estado Competitiva ( adaptado de Robert S. Weinberg & Daniel  Gold 2001). Baseado em - Analisar o estresse dos atletas de futebol de campo durante a competição. Também foi aplicado aos atletas um questionário baseado no modelo de estresse e lesão esportiva de Anderson & Williams. 1988. Com o objetivo de identificar as principais lesões provocadas pelo estresses. A amostra da pesquisa foi constituída por 13 jogadores do sexo masculino numa faixa etária de 20 a 28 anos. Ao finalizar este estudo pode-se observar nestes resultados que os atletas com predomínio de estado emocional febril apresentam maior número de lesões durante a competição, pelo que seria necessário realizar-nos mesmos um planejamento de preparação psicológica encaminhado a reduzir o estresse e prevenir as lesões esportivas.

Introdução

Durante o esporte, o atleta experimenta diferentes repostas cognitivas ao lidar com diferentes situações (denominadas potencialmente estressantes), por exemplo: uma competição pode produzir sensações positivas de desafio, excitabilidade, mas também podem produzir sensações negativas, como ansiedade e desconforto. Essas sensações negativas podem determinar respostas fisiológicas/atencionais exageradas, como alterações endocrinológicas (exemplo: elevação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), níveis de catecolamina, liberação de glicocorticóides) e alterações no Sistema Nervoso Autônomo (Exemplo: ativação do Sistema Nervoso Simpático). A ativação desse sistema pode determinar um aumento da respiração, dilatação da pupila, sudorese, tensão muscular generalizada e tremor. Seguindo essas reações fisiológicas, ocorrem alterações atencionais, como o aumento da distração (Anderson & Williams, 1993).

As alterações fisiológicas e atencionais determinam maior susceptibilidade à lesão por meio de três situações: O aumento generalizado da tensão muscular, redução do campo visual e aumento da distração. O aumento da tensão muscular pode reduzir a flexibilidade, a coordenação muscular e eficiência muscular, predispondo o atleta a uma série de lesões como estiramentos, entorses e fraturas. A redução do campo visual pode não permitir ao atleta a percepção de elementos que possam ajudá-lo em uma situação potencialmente lesiva. O aumento da distração pode retirar o foco de atenção do atleta da tarefa a ser realizada, determinando assim maior risco da não execução correta do movimento e, conseqüentemente, há maior risco de lesão (Anderson & Williams, 1993).

Anderson & Williams (1988) propuseram um modelo denominado modelo de estresse e lesão esportiva, estabelecendo uma relação entre variáveis psicológicas e a lesão esportiva. Através desse modelo, os autores propõem uma possível identificação de fatores de risco ao desenvolvimento de lesão e sugere também uma intervenção na tentativa de se minimizar esse risco.

Para classificar a situação como um desafio (avaliação positiva) ou como uma ameaça (avaliação negativa), o atleta utiliza uma avaliação cognitiva da situação. Essa avaliação baseia-se nas demandas necessárias àquela situação, nos recursos de que o atleta dispõe para lidar com a situação e também com as possíveis conseqüências dela decorrentes (Anderson & Williams, 1993).

Três fatores principais podem interferir na resposta de estresse: personalidade, história do estressor e potencial de superação. Na presença desses fatores, a avaliação de uma situação potencialmente estressante (de stress) pode se alterar, facilitando ou não a relação estresse-lesão.

Embora se aceite a influência da personalidade sobre a incidência de lesões, os estudos relacionados a esse fator são ainda inconsistentes e controversos (Anderson & Williams, 1993; Weinberg & Gould, 1999). Blackwell & McCullagh (1990); Petrie (1993); Lavallee & Flint (1996) mostram efeitos primitivos significativos do traço de ansiedade competitiva sobre a incidência de lesões no esporte, enquanto kerr & Minden (1988) não observaram relação entre traço de ansiedade e incidência de lesões.

De maneira resumida, o modelo estresse-lesão propõe que, em uma situação potencialmente estressante, um indivíduo com maior nível de estresse diário, determinadas características de personalidade e menor potencial de superação terá maior probabilidade de apresentar redução do campo visual, maior nível de distração e tensão muscular, aumento assim o risco de se lesionar.

Metodologia

Esta pesquisa caracteriza-se do tipo descritiva, com abordagem quantitativa. A população alvo deste estudo são os jogadores de futebol no município de Primavera de Rondônia - RO.

Em função de resposta aos objetivos desta, foi realizado os seguintes procedimentos organizacionais do trabalho:

Foi aplicado um Teste de Ansiedade-Estado Competitiva (adaptado de Robert S. Weinberg & Daniel Gold 2001). Baseado em - Analisar o estresse dos atletas de futebol de campo durante a competição.

Também foi aplicado aos atletas um questionário baseado no modelo de estresse e lesão esportiva de Anderson & Williams, 1988, com o objetivo de identificar as principais lesões provocadas pelo estresse obtendo as seguintes informações:

Atletas lesionados

Região da lesão

Ocorrência da lesão

Momento da lesão

Sensação Fisiológica

 Atitude após a lesão

Presença do apoio Psicológico acelerou a Reabilitação

Ausência do Apoio Dificultou a reabilitação.

A amostra da pesquisa foi constituída por 13 jogadores do sexo masculino numa faixa etária de 20 a 28 anos,

ANALISES DOS RESULTADOS DO COMPORTAMENTO EMOCIONAL DOS ATLETAS DE FUTEBOL DE CAMPO.

     Para analisar o comportamento emocional dos atletas foi utilizado o teste de ansiedade de Robert S. Weinberg & Daniel Gould, onde se obteve os seguintes resultados em relação a:

1º - Estado Emocional Ótimo: a equipe tem um comportamento de 58.9%. Estado emocional ótimo como seu próprio nome indica é a forma ideal que o atleta deverá se apresentar na competição.

2º - Estado Emocional de Febre de Competição:

A equipe apresenta 41% de estado emocional de febre de competição. O estado emocional de Febre de competição representa um estresse excessivo para a competição, que pode trazer como conseqüência um alto risco de lesões esportivas; essa situação altera os processos cognitivos (concentração, memória, pensamento, visão, linguagem); durante a ação motriz na competição.

3º - Estado Apático: Podemos constatar que a equipe teve um resultado de 0% de Estado Emocional Apático; este estado leva à dês motivação do atleta durante a competição. Mediante estes resultados chegamos a conclusão de que os 100%  desses atletas se encontravam motivados para a competição, aspecto este importante para ativar os processos cognitivos que tem relação direta com a ação motriz.

Os resultados obtidos podem ser apreciados na tabela nº 1 do nosso trabalho.

TABELA I:   RESULTADOS DO COMPORTAMENTO EMOCIONAL DOS ATLETAS DE FUTEBOL DURANTE A COMPETIÇÃO

 

ATLETA

ESTADO EMOCIONAL ÓTIMO

ESTADO EMOCIONAL DE FEBRE DE COMPETIÇÃO

ESTADO EMOCIONAL APÁTICO

 

%

 

E.E.O

%

 

E.EF

%

 

E.E.A

A

3

6

0

33

66

0

B

2

7

0

22

77

0

C

8

1

0

88

11

0

D

6

3

0

66

33

0

E

5

4

0

55

44

0

F

5

4

0

55

44

0

G

8

1

0

88

11

0

H

5

4

0

55

44

0

I

4

5

0

44

55

0

J

9

0

0

100

0

0

L

2

7

0

22

77

0

M

3

6

0

33

66

0

N

9

0

0

100

0

0

TOTAL

69

48

0

58.9

41

0

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Analise dos Resultados Referentes às Lesões da equipe de futebol do Município de Primavera de Rondônia.

Para coletar os dados referentes às lesões esportivas da equipe estudada foi aplicado um questionário com a finalidade de verificar a relação do estresse com a lesão esportiva. Depois da aplicação do mesmo foram obtidos os seguintes resultados:

 A equipe com um total de 13 atletas mostra 43% de aspectos positivos de prevenção da lesão e 57% de aspectos negativos de risco da lesão; demonstrando-se claramente um predomínio de aspectos negativo de risco da lesão na equipe, o qual pode influenciar notavelmente nas lesões esportivas durante a competição.

Segundo os resultados obtidos deste questionário podemos apreciar que dos 13 atletas da equipe, 11 deles apresentam predomínio de aspectos negativos de risco da lesão; coincidido a ocorrência de lesões nos mesmos durante a competição, todo o qual nos conduz a analisar que os aspectos negativos apresentados por esses atletas poderiam ser a causa das lesões ocorridas durante a competição.

Dentro dos aspectos negativos de riscos da lesão podem se mencionar os seguintes itens relatados pelos mesmos atletas:

Não é feito nenhum condicionamento físico antes da competição.

Não é feito alongamento antes de uma partida.

Os atletas sofrem de lesões com freqüência.

As lesões ocorrem fundamentalmente durante o jogo.

Após as lesões os atletas sofrem sensações de medo, tristeza, raiva, insegurança, muita dor e falta de apoio psicológico após as lesões.

Os resultados obtidos podem ser apreciados na tabela nº 2 do nosso trabalho.

RESULTADOS REFERENTES ÀS LESÕES DA EQUIPE DE FUTEBOL DO MUNICIPIO PRIMAVERA-RONDÔNIA DURANTE A COMPETIÇÃO

ATLETA

ASPECTOS POSITIVOS DE PREVENSÃO DA LESÃO

ASPECTOS NEGATIVOS DE RISCO DE LESÃO

Número de

Lesões

%

A.P.P.L

%

A.N.R.L

A

5

11

3

31

68

B

5

11

2

31

68

C

8

8

2

50

50

D

4

12

7

25

75

E

4

12

3

25

75

F

7

9

2

43

56

G

4

12

2

25

75

H

6

10

4

37

62

I

6

10

7

37

62

J

14

2

0

87

12

L

6

10

4

37

62

M

6

10

7

37

62

N

14

2

0

87

12

TOTAL

89

119

43

43

57

 

Analises da Correlação dos Resultados Emocionais e Lesões da equipe de futebol do município de Primavera de Rondônia.

Fazendo uma análise da correlação dos resultados emocionais e lesões esportivas obtidos nos questionários aplicados, podemos constatar que 11 atletas dos 13 da equipe apresentam um estado emocional febril para a competição (estresse excessivo) o qual é relacionado com as lesões esportivas apresentadas pelo os mesmos durante a competição. Pode-se observar, por exemplo, que o atleta D tendo 33% de estado emocional febril chegou a sofrer lesões em 7 vezes durante a competição; este resultado nos conduz a analisar que a presença do estresse excessivo pode desequilibrar aqueles componentes psicológicos (atenção, memória, concentração, coordenação motora etc) que são fundamentais na orientação da ação motriz; pelo que seria importante garantir que os mesmos antes da competição tenham um estado ideal para obter uma maior eficiência durante as ações do jogo, o qual somente será possível se é realizado um planejamento de preparação psicológica para cada uma das fazes de preparação do atleta durante o macrociclo de treinamento.

Também pode-se observar nestes resultados que os atletas com predomínio de estado emocional febril apresentam maior número de lesões durante a competição, pelo que seria necessário realizar nos mesmos um planejamento de preparação psicológica encaminhado a reduzir o estresse, e prevenir as lesões esportivas.

A análise anterior exposta pode ser observada na tabela nº 3 do nosso trabalho.

CORRELAÇÃO DOS RESULTADOS EMOCIONAIS E LESÃO DA EQUIPE DE FUTEBOL DO MUNICÍPIO DE PRIMAVERA DURANTE A COMPETIÇÃO

 

ATLETA

ESTADO EMOCIONAL DE FEBRE DE COMPETIÇÃO

LESÕES

ESPORTIVAS

DOS ATLETAS

A

6

3

B

7

2

C

1

2

D

3

7

E

4

3

F

4

2

G

1

2

H

4

4

I

5

7

J

0

0

L

7

4

M

6

7

N

0

0

Totais

48

43

 

Conclusões

Pode-se observar nestes resultados que os atletas com predomínio de estado emocional febril apresentam maior número de lesões durante a competição, pelo que seria necessário realizar nos mesmos um planejamento de preparação psicológica encaminhado a reduzir o estresse, e prevenir as lesões esportivas.

Referências Bibliográficas

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CARNAUVAN, Paulo K. Reabíli em medicina Esportiva um guia Abrangente, Rio de janeiro, 1993. Editora Sprint.

Becker,B., & Samulski, D. ( 1998). Manual de treinamento psicológico para o esporte. Porto Alegre: Edelbra.

WHITING, William C., Biomecânica da Lesão Musculoesquelético. Califórnia State University, Northeridge, 1993.

_____________Aspectos preventivos no Esporte - FisioWeb Wgate -...url

http://www.wgate.com.br/ Acesso em 12 de fevereiro de 2007.

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http://www.educaçâofisica.com.br/ Acesso em 14 de fevereiro de 2007.

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Becker, B (2000 a). Manual de psicologia do esporte e exercício. Porto Alegre: Nova Prova.

Bergius, R. (1995). Verbete: Percepção. In. Dorsch, F. Diccionário de psicologia

Gordillo, A .(2000). Intervenção com os pais (pp. 119-132). En B.Becker Jr. (Ed.), Psicologia aplicada á criança no esporte. Brasil: Feevale

Hecker, H . (1983). Aufmerksamkeit und Leistung. In Janssen, J., & Meili, R. Dicionário de psicologia, Tomo3. São Paulo: Edições Loyola, 524.

Psicologia para Educadores, Coletivos de autores. 3ª reimpresión, edit. Pueblo y Educación, La Habana,2001

Samulski, D. (1995). Psicologia do Esporte: Teoria e Aplicação Prática. Belo Horizonte: Imprensa UFMG.

Samulski, D. ( Ed.) (1999). Novos conceitos em treinamento esportivo. Brasilia: Instituto Nacional de desenvolvimento do Esporte (Indesp).

Samulski, D. (2002). Psicologia do Esporte (pp.01-03). Editora Manole

 

1 comentario

Augusto César Gama Barbosa -

Grande amigo e Dr. Ramón, as duas linhas de pesquisas que trabalham essa relação psicologia-lesão e lesão-psicologia, respectivamente, a influência dos fatores psicológicos na incidência das lesões e as reações emocionais dos atletas quando se lesionam, juntamente com a influência das variáveis psicológicas na reabilitação da lesão, caminham a passos largos na busca de prevenir e recuperar eventuais lesões de atletas. Gostaria apenas de acrescentar que esse modelo proposto por Andersen e Williams (1988), continua sendo uma referência mundial quando aplicado a avaliação e intervenção no contexto das lesões esportivas. Um abraço professor.